Quando eu era adolescente, li um livro que me tocou profundamente: A Morada da Sexta Felicidade. Jamais havia lido uma biografia tão impressionante. Mais tarde, li a mesma história no livro: " Até aos Confins da Terra". Alguém com um amor tão profundoi pela obra de Deus e pela China, merece ser mencionada em meu blog, com certeza. Segue então uma pequena biografia, que retirei da net.
Vida da Missionária Gladys Aylward*
Luci Fagundes Oliveira
Gladys Ayward nasceu no ano de 1902 em Edmonton, ao norte de Londres, Inglaterra. Pertencia a classe operária e começou a trabalhar como doméstica aos 14 anos.Converteu-se aos 26, ao ser tocada pelo Espírito Santo depois de uma conversa com a esposa do pastor, desde então passou a preocupar-se com os povos que não conheciam Jesus, em especial a China por ter milhões de pessoas sem Cristo.
Em 1929, procurou a Missão Para o Interior da China - MCI, onde, após três meses de treinamento, foi rejeitada como aluna por ser considerada pouca instruída e incapaz de acompanhar seus colegas. Apesar disso, Gladys não desistiu e resolveu preparar-se sozinha. Graças a Deus por sua perseverança!
Seu período de preparo é marcado por atitudes que, creio eu, foram inspiradas pelo Espírito Santo, pois foram sábias e acertadas.
Conhecer profundamente a Bíblia: em todas as suas folgas passava o tempo lendo a Bíblia, meditando sobre ela e orando. Gladys ficou impressionada com a resposta de Abraão, Moisés, Neemias e outros, ao chamado de Deus, mesmo sem terem emprego aonde iam e sentiu que poderia fazer o mesmo.
Conhecer a China: ela lia tanto quanto fosse possível sobre a China e sobre missionários que lá viveram; conseguia livros na biblioteca local, de seus patrões e de amigos que a ajudavam.
Praticar: por conta própria, Gladys começou a pregar em praças públicas e a evangelizar pessoas pelas ruas de Londres. Ela acreditava que precisava fazer no seu país o que gostaria de fazer na China. (Atitude totalmente correta!)
Persistir: quando rejeitada pela missão, ela foi tomar conta de um casal de missionários que haviam voltado da China. Alguns diziam que esta seria uma forma de ela contribuir com aquele país e, apesar de se sentir humilhada, aceitou o cargo e aprendeu muito sobre oração com o casal.
Trabalhar: após esse emprego, foi trabalhar em uma missão com resgate de prostitutas nos portos, onde aprendeu sobre a dureza da vida, a correr riscos e a confiar na proteção de Deus.
Decidir: Gladys decide ser missionária sem agência, pensou "se posso trabalhar aqui Deus proverá lá também". Coloca sua Bíblia sobre a mesa e os 2 pences e meio (25centavos de libra) - todo o dinheiro que tinha - sobre a Bíblia e ora clamando a Deus e dedicando sua vida a missões.
Esperar: certa de que Deus a queria na China, dirigi-se ao guichê de passagens e escolhe ir de trem por ser a mais barato (47 libras e 10 pences). Então começa a trabalhar para pagar, depositando todo seu salário semanalmente. Quando termina de pagar, uma amiga lhe conta que uma certa Sra. Jeannie Lawson, viúva, missionária na China, está à procura de alguém para trabalhar com ela e continuar o que ela e o marido começaram. Gladys, imediatamente, escreve para ela e se prontifica a acompanhá-la.
Ir: em 15 de outubro de 1932, parte da estação de Liverpool em direção a China. Leva apenas um rolo de roupas de cama, duas malas - uma com roupas e outra com alimentos-, um fogareiro a álcool, uma panela e uma chaleira amarradas do lado de fora. Além de Bíblia, papel e caneta tinteiro. Em dinheiro, possuía dois cheques de uma libra e nove pences em moedas. Gladys pisa em solo chinês em 07 de novembro, mas, só depois de viajar oito dias de trem ou no lombo de mula consegue chegar à cidade de Yangcheng onde se encontra com a Sra. Lawson.
Seu ministério no interior da China:
Acostumada ao trabalho pesado, passa a auxiliar a senhora Lawson, em todas as atividades. Como não tinha dinheiro para se sustentar, sugere a criação de uma pousada, o que agrada muito a Sra Lawson. Assim, as duas contratam um cozinheiro, e, enquanto Gladys trata das mulas, a Sra. Lawson conta histórias bíblicas aos viajantes e conciliam evangelismo e trabalho.
Após a morte da companheira, oito meses após sua chegada, Gladys começa a ter dificuldades financeiras. Ela ora e Deus e como resposta recebe a surpreendente visita do mandarim de Yangcheng que lhe oferece serviço de inspetora de pés – ela iria desenfaixar os pés das meninas, uma exigência da lei. Ela aceita o cargo e viaja por várias vilas e cidades ao norte da china, o que a deixa surpresa, pois o emprego não só a capacitou a falar fluentemente o chinês dos camponeses, como também, para a tarefa de fugir com as crianças anos mais tarde.
Ela desenvolve tão bem a tarefa que fica conhecida como AI WE DEH, que quer dizer mulher virtuosa, e este passa a ser seu nome para os chineses. Sua reputação a levou a ser convocada pelo mandarim para acalmar uma rebelião de presos, tarefa que exerce sabiamente e a possibilita iniciar um trabalho na prisão. Lá, como assistente social, organiza trabalhos para os presos conseguirem dinheiro para se manter. Ela consegue doações de teares com empresários locais, moinhos para moer os cereais e possibilita a criação de coelhos. Dá aulas de higiene pessoal, torna-se amiga dos presos e leva-os a conhecerem a Cristo.
Em 1936, Gladys Aylward torna-se cidadã chinesa, e, como amiga e conselheira pessoal do mandarim, leva-o a aceitar Jesus como Senhor e Salvador de sua vida. Mas, sua vida de dedicação à China não termina por aqui, com o passar dos tempos, ela adota crianças abandonadas que passam a morar com ela na pousada, o que permitiu que nunca se sentisse sozinha. Chegam a mais de duzentas crianças, que durante a invasão japonesa são dispersas em dois grupos: o primeiro é levado por enviados do governo e o segundo é conduzido pela própria Gladys ao ver que o responsável não voltaria para busca-las - mais tarde, ela descobre que ele havia sido capturado e morto pelos japoneses.
Ela e as crianças viajaram por 21 dias pelas montanhas chinesas, momentos marcados pela fome, sofrimento e medo. Apesar disso, Deus mostra de várias maneiras que esta com ela, uma das vezes, foi quando estava diante do rio Amarelo com suas cem crianças, eles oram e um barco aparece para ajudá-los. Como uma das crianças disse: "não estamos diante do mar vermelho, mas nosso Deus é o mesmo".
Após a travessia com as crianças, Gladys fica muito mal, estava com tifo, pneumonia, machucados internos e externos, perdeu a memória e sobreviveu por um milagre. Um casal de missionários cuidou dela até ficar boa e, após a guerra em 1943, retorna para a província de Lanchow, agora reconhecida como missionária.
Em 1949, vinte anos após ter deixado a Inglaterra, tem a oportunidade de retornar à China e começa a trabalhar com as igrejas e a levantar recursos para missões. Nos anos que seguiram sua biografia popular foi escrita por Alan Burgess, no livro The Small Woman (1957) que mais tarde torna-se um aclamado filme dirigido por Mark Robson, The Inn Of The Sixth Happiness (1958), que mais tarde dará nome a novas edições do livro E ainda, com a ajuda de Christine Hunter, o Moody Bible Institute publica The Little Woman (traduzido par ao portguês como Apenas Uma Pequena Mulher), em 1970. Embora quisessem coloca-la em destaque, Gladys nunca quis aparecer na mídia, ao invés disso, voltou a ministrar em Taiwan em 1957. Ela continuou suas viagens pelo mundo e em uma entrevista desabafou "eu nunca fui a primeira opção de Deus para o que fiz pela China. Havia outra pessoa... Não sei quem era a primeira escolha de Deus. Deve ter sido um homem, alguém maravilhoso. Um homem educado. Não sei o que houve. Talvez ele tivesse morrido. Talvez não se mostrasse disposto... E Deus olhou para baixo.... e viu Gladys Aylward"...(TUCKER, p. 271).
Em seu Livro A Morada da Sexta Felicidade (trad), Alan Burgess comenta que Gladys foi bem sucedida no seu trabalho por ser diferente. Certa ocasião sua mãe recebeu uma carta de um chinês amigo de Gladys Dizendo: "quando sua querida filha chegou na China, minha mulher foi quem a conheceu primeiro. Depois eu conversei com ela. Descobri ser ela a missionária que a China precisava. Não se incomoda com oposição, dificuldades ou pobreza, vai pregando o evangelho em todo lugarejo ao sul de Shansi. A maior parte dos estrangeiros vem para China não simplesmente para pregar o evangelho, mas para ter conforto, portanto poucas pessoas na China crêem em Jesus Cristo. Os chineses observam que eles não vivem o que diz a Bíblia." (BURGUESS, 1964, p.95).
Notas:
* Trabalho apresentado ao Centro Evangélico de Missões – CEM, em cumprimento da disciplina Missões para Profissionais. Viçosa: 2003.
Bibliografia:
BURGESS, Alan. A Morada da Sexta Felicidade; 1964.
HUNTER, Christine. Apenas Uma Pequena Mulher; 1970.
ROBSON, Mark (dir). The Inn Of The Sixth Happiness. 20th Century Fox. EUA: 1958.
TUCKER, Ruth A.; Até os Confins da Terra: uma história biográfica das missões cristãs. Trad. Neyd Siqueira. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. São Paulo: 1996. pp. 265 -271.
TUCKER, Ruth A.; Guardians of the Great Commission: the story of women in modern missions. Academie Books. Springfield: 1988. pp 179 -183.
Mãos Dadas
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