O imperador Nero, cuja imagem corria paralela a sua própria vaidade, apesar de fisicamente deformado, pois tinha pernas tortas, barriga imensa e pescoço curto e grosso, julgava-se um "Apolo" e um artista. Andava nu, ostentando sua horrenda aparência. Certa vez, não conseguindo dançar tão bem, quanto seu professor, mandou matá-lo, pois não concebia que alguém pudesse suplantá-lo em qualquer atividade. Ele se considerava lindo, divino e maravilhoso. Se já não bastasse sua loucura, ordenou que Lucano, o poeta amado de sua geração, seu rival, se suicidasse. A inveja de Nero matou o jovem e grande poeta. Lá no palácio, o imperador sentiu um fluído estranho corroendo suas entranhas. Mandou chamar Lucano e ordenou que o poeta nunca mais declamasse em público. Cassou-lhe a palavra. Aquele fluído, nada mais, nada menos, era a terrível inveja que havia se instalado neste coração perverso, ao ouvir as poesias incomparáveis do jovem Lucano. A inveja é veneno mortal, diz a Bíblia em Provérbios 14:30. É a podridão dos ossos, e que corrói o coração de muitos ainda hoje.
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