مرحبـاً Selamat Datang Welcome Bienvenue Добро пожаловать Bienvenidos Sejam Bem-vindos

sábado, fevereiro 23


Polícia Judiciária prende padre pedófilo


O padre Luís Miguel Mendes é suspeito de ter abusado de várias crianças.É actualmente vice-reitor do Seminário do Fundão
Investigação: PJ da Guarda deteve o sacerdote no seminário do Fundão

Vice-reitor do Seminário Menor do Fundão suspeito de vários crimes de abuso sexual. Toda a história para ler no CM
Por:Tânia Laranjo/Ana Isabel Fonseca /Alexandre Salgueiro Silva


A denúncia dos pais de um menor chegou à Polícia Judiciária da Guarda na quarta-feira e os inspectores logo perceberam que o caso tinha contornos verdadeiramente chocantes. O padre Luís Miguel Mendes, de 36 anos, vice-reitor do Seminário Menor do Fundão, terá abusado de várias crianças no interior da instituição. Fazia uso do poder e da influência que tinha para sujeitar os menores a contactos sexuais. Foi detido anteontem e o juiz decretou que fique em prisão domiciliária, com pulseira electrónica. A igreja terá agora de indicar um local onde o sacerdote possa ficar a aguardar o julgamento. Até então está na cadeia.
A detenção da Judiciária é histórica no País. Em Portugal, nunca um padre tinha sido detido por pedofilia. A preocupação dos inspectores da PJ da Guarda, chefiada por Gil Carvalho - que já coordenou a secção de crimes sexuais na Directoria do Norte - foi afastar o padre das crianças. Em apenas dois dias ouviram todos os 17 menores que frequentam o Seminário Menor do Fundão e os pais e identificaram logo mais vítimas. Não há para já um número exacto, mas a PJ admite que as vítimas possam chegar à dezena. As vítimas são de diferentes idades, uma vez que a instituição lecciona do 5º ao 12º ano.
A PJ irá agora ouvir outros menores que tenham passado no seminário. Isto porque, embora o sacerdote seja vice-reitor apenas desde Outubro, faz parte dos formadores da instituição desde 2003, tendo contacto diário com crianças.
Todos os menores abusados contam histórias semelhantes. O padre Luís Miguel terá começado por se aproximar, de forma a ganhar confiança, depois surgiram os contactos sexuais e as ameaças para que permanecessem em silêncio.
A PJ fez buscas no seminário, mas tudo indica que o padre não terá vídeos ou outros ficheiros que comprovem os abusos. Algum material foi levado pelos inspectores e será analisado. A diocese da Guarda tomou já conhecimento do caso.
Pais de alunos e funcionários incrédulos
Os funcionários do Seminário do Fundão estavam ontem incrédulos com a detenção do padre Luís Miguel Mendes. "Isto é tudo uma grande mentira, só pode ser tudo invenção. Trabalho com o padre Luís há nove anos e conheço-o bem. Nunca houve uma história destas", disse ao CM uma freira, que trabalha no seminário.
Confrontados com as suspeitas que recaem sobre o vice-reitor, os pais de alguns menores mostraram-se preocupados, mas com dificuldade em acreditar nas acusações.
"Não vou comentar sem saber mesmo o que se passa, mas custa-me acreditar que realmente aconteceu algo dentro da instituição", adiantou a mãe de um aluno. 

No tribunal durante várias horas
O padre Luís Miguel Mendes chegou ao Tribunal do Fundão por volta das 11h30, tendo saído no carro dos inspectores da Polícia Judiciária da Guarda já ao final da tarde.
O vice-reitor foi levado para um estabelecimento prisional, até que sejam criadas condições para que possa ficar em prisão domiciliária. Desconhece-se se o sacerdote prestou declarações diante do juiz de instrução.

Discurso directo com Manuel Morujão Porta-voz da Conferência Episcopal
"Temos de colaborar com a Justiça"
Correio da Manhã - Que deve fazer a Igreja perante um caso como este?
Manuel Morujão - Antes de mais, temos de colaborar com a Justiça, como determinam as normas aprovadas pela Conferência Episcopal Portuguesa e, depois, aguardar o normal curso da investigação.
- A diocese da Guarda vai suspender este sacerdote das funções de vice-reitor do seminário. É correcto?
- Penso que sim, até para que ele melhor se possa defender.
- A confirmar-se, será o primeiro caso de pedofilia no clero português.
- Sim, mas temos de esperar pelas investigações e não partir para conclusões precipitadas. Nós sabemos que, muitas vezes, há acusações deste género que são infundadas. É preciso muita cautela.

Opinião
A casa do romance ‘Manhã Submersa'
O seminário do Fundão já não será o mesmo casarão frio e cruel que tanto marcou a adolescência de Vergílio Ferreira - recordações amargas que deram origem ao romance ‘Manhã Submersa', publicado em 1954, e adaptado ao cinema, nos anos 80, por Lauro António.
Mas entre aquelas paredes ainda se arrastam velhos fantasmas pérfidos e doentios. O padre Luís, vice-reitor do seminário, é suspeito de vários crimes de abuso sexual de crianças.
Vergílio Ferreira não recorda ofensas do género: revela o ambiente opressivo do seminário e a miséria de um tempo em que ser padre era uma relevante promoção social e a garantia de evitar a fome. Mais de meio século depois, a degradação moral é exactamente a mesma - com uma diferença: os rapazes agora abusados não têm que se mutilar, como fez ‘Borralho', protagonista do romance, para se livrarem dos odiosos prefeitos. A Justiça, para bem de todos, já não se detém aos portões das casas da Igreja - e o padre Luís já está, por enquanto, onde deve estar: longe das crianças.
Manuel Catarino


Ex-provedora da Casa Pia diz que há outros casos de padres pedófilos


Instituição do Fundão acolhe 16 rapazes, alguns dos quais se queixaram de abusos Paulo Pimenta



A população do Fundão e a hierarquia da Igreja Católica acordaram ontem surpreendidas e abaladas com a notícia da detenção, pela Polícia Judiciária (PJ), do vice-reitor do Seminário Menor local, um padre de 36 anos e professor de Educação Moral e Religiosa. Depois de alguns alunos alojados no seminário se terem queixado de abusos sexuais aos pais, estes decidiram denunciar o caso à polícia. Ouvido no Tribunal do Fundão, o sacerdote acabou por ficar em prisão domiciliária, um caso sem paralelo segundo os responsáveis da Conferência Episcopal Portuguesa.

"Isto caiu que nem uma bomba, principalmente aqui num meio mais pequeno", comentava ontem Nuno Maia, proprietário de um café que fica a cerca de um quilómetro do seminário. Localizada às portas da cidade, a instituição, que acolhe 16 rapazes entre os 11 e os 18 anos, é uma referência para quem ali vive. António Boavida disse ter ficado "arrasado" com o que ouviu. "Nem estou em mim. Conheço o padre, toca muito bem órgão e sempre foi uma pessoa gentil", desabafou. Destacando a personalidade "formidável" do sacerdote, admitiu ter "pena" que ele esteja envolvido em algo "tão estranho como o que se conta".

Apesar de se mostrar surpreso com a notícia, José Farinha, outro habitante do Fundão, disse-se menos incrédulo. "Admira-me que não tenham falado nada quando se começou a descobrir coisas sobre a Casa Pia. É um tema que tem vindo a assombrar a Igreja", comentou.

Natural de São Romão, uma aldeia do concelho de Seia, o suspeito foi ordenado padre em 2011, mas antes disso já colaborava com várias paróquias e chegou a dar aulas em escolas primárias. Foi ainda animador de grupos de jovens, ensaiador de coros e organista. Começou por ser colocado na paróquia de Celorico da Beira, mais tarde foi destacado para a equipa educadora do seminário do Fundão e desde há quatro anos era ele quem acompanhava os jovens até ao colégio que frequentavam em Tortosendo (Covilhã), onde dava aulas de Educação Moral e Religiosa Católica. Desde Setembro vice-reitor do seminário, continuava a ser professor e ainda era o orientador do pré-seminário da diocese da Guarda.

A diocese reagiu com a máxima rapidez, mostrando abertura para colaborar com a polícia. "O bispo da diocese deu imediatamente ordem para que fossem abertas as portas do seminário aos agentes da investigação que se apresentassem devidamente identificados e que se desse toda a colaboração para a máxima objectividade para a investigação", esclareceu a instituição, em comunicado.

A PJ apreendeu vários objectos, nomeadamente o computador pessoal, na residência do padre que está acusado de "vários crimes de abuso sexual de crianças e adolescentes sobre os quais detinha funções de educação e protecção".

Foi um grupo restrito de alunos que decidiu avançar e apresentar uma queixa em conjunto na PJ da Guarda na quarta-feira. Alguns iam acompanhados dos pais. Estarão em causa actos sexuais com os menores, não havendo relatos de eventuais violações.

Será mesmo caso único?

Há quatro anos secretário e porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), Manuel Morujão garante que neste período nunca chegou ao seu conhecimento qualquer queixa de pedofilia. Neste caso em concreto, para além da investigação judicial, de acordo com regras que este ano entraram em vigor, o padre será objecto de um procedimento canónico e poderá, em última instância, ser "exonerado do estado sacerdotal". De resto, comenta o secretário da CEP, ele é "um cidadão como outro qualquer". Acresce que a Igreja não é obrigada a comunicar eventuais suspeitas à polícia.

Pouco surpreendidos com a notícia, o psiquiatra Álvaro Carvalho e a ex-provedora da Casa Pia de Lisboa Catalina Pestana, da Rede de Cuidadores (associação criada após o escândalo Casa Pia para apoiar crianças e jovens vítimas de abuso), lembram que avisaram a hierarquia da Igreja para este problema, há mais de um ano. Chegaram a enviar uma carta, depois de o actual cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, ter dado uma entrevista a um diário em que dizia não ter conhecimento de qualquer caso desta índole que envolvesse sacerdotes da diocese da capital. "Sei que há casos de pedofilia, só na diocese de Lisboa conheço cinco, e tinha-lhe dito a ele pessoalmente o que sabia", garantiu ontem ao PÚBLICO Catalina Pestana, indignada com o facto de ainda haver seminários para menores no país. "Todos os abusos em massa [no âmbito da Igreja Católica] aconteceram em colégios de freiras ou em seminários. Basta ler a Manhã Submersa de Vergílio Ferreira, que tem como cenário o seminário do Fundão." Mas por que não denunciam então os casos? "Não somos da polícia", retorque Catalina Pestana, que teve uma reunião formal no ano passado com Manuel Morujão e o anterior presidente da CEP D. Jorge Ortiga, para debater este problema. Mas o que acontece aos padres? "São transferidos de sítio", responde Catalina, destacando que há bispos, como o do Porto e, ao que parece agora, este bispo da Guarda, que assumem um comportamento diferente e são "exemplares". Resolvem as coisas de uma forma discreta, enviam os casos para a polícia ou arranjam uma solução em que os sacerdotes não tenham contacto com crianças. O que Catalina Pestana não aceita é que outros se limitem transferir os padres para outros locais. Por isso ela e Álvaro Carvalho vão voltar a escrever uma carta à CEP em breve.

No início deste ano, em entrevista à Antena 1, o antigo arcebispo de Braga D. Eurico Dias Nogueira admitiu que a a Igreja "esteve demasiado tempo calada" sobre casos de pedofilia.
 

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

"NÃO TERÁS OUTROS DEUSES DIANTE DE MIM. Êxodo 20:2

Pois os costumes dos povos são vaidade. O ídolo é apenas um madeiro que se corta do bosque, obra das mãos do artífice que o trabalhou com o machado.
Enfeitam-no com prata e com ouro; com pregos e a marteladas o firmam, para que não se abale.
São como o espantalho num pepinal, e não falam; necessitam de serem carregados porque não podem dar passo. Não tenhais medo deles; porque não podem fazer o mal, nem está neles o fazer o bem.
Jeremias 10:3-5

Devemos adorar só a Deus!!!